O D. Sebastião foi para Alcácer Quibir
de lança na mão, a investir, a investir,
com o cavalo atulhado de livros de história
e guitarras de fado para cantar vitória.
O D. Sebastião já tinha hipotecado
toda a nação por dez reis de mel coado
para comprar soldados, lanças, armaduras,
para comprar o V das vitórias futuras.
O D. Sebastião era um belo pedante
foi mandar vir para uma terra distante
pôs-se a discursar: isto aqui é só meu
vamos lá trabalhar que quem manda sou eu.
Mas o mouro é que conhecia o deserto
de trás para diante e de longe e de perto
o mouro é que sabia que o deserto queima e abrasa
o mouro é que jogava em casa.
E o D. Sebastião levou tantas na pinha
que ao voltar cá encontrou a vizinha
espanhola sentada na cama, deitada no trono
e o país mudado de dono.
E o D. Sebastião acabou na moirama
um bebé chorão sem regaço nem mama
a beber, a contar tim por tim tim
a explicar, a morrer, sim, mas devagar
E apanhou tal dose do tal nevoeiro
que a tuberculose o mandou para o galheiro
fez-se um funeral com princesas e reis
e etcetera e tal, Viva Portugal.
de lança na mão, a investir, a investir,
com o cavalo atulhado de livros de história
e guitarras de fado para cantar vitória.
O D. Sebastião já tinha hipotecado
toda a nação por dez reis de mel coado
para comprar soldados, lanças, armaduras,
para comprar o V das vitórias futuras.
O D. Sebastião era um belo pedante
foi mandar vir para uma terra distante
pôs-se a discursar: isto aqui é só meu
vamos lá trabalhar que quem manda sou eu.
Mas o mouro é que conhecia o deserto
de trás para diante e de longe e de perto
o mouro é que sabia que o deserto queima e abrasa
o mouro é que jogava em casa.
E o D. Sebastião levou tantas na pinha
que ao voltar cá encontrou a vizinha
espanhola sentada na cama, deitada no trono
e o país mudado de dono.
E o D. Sebastião acabou na moirama
um bebé chorão sem regaço nem mama
a beber, a contar tim por tim tim
a explicar, a morrer, sim, mas devagar
E apanhou tal dose do tal nevoeiro
que a tuberculose o mandou para o galheiro
fez-se um funeral com princesas e reis
e etcetera e tal, Viva Portugal.
inviata da Bartleby - 23/2/2012 - 14:16
Trailer, film integrale e scena della battaglia di Alcácer Quibir dalla pellicola "Non, ou a Vã Glória de Mandar" (1990) del regista portoghese Manoel de Oliveira
Bartleby - 23/2/2012 - 14:43
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Nella colonna sonora dell’omonimo film di José da Fonseca e Costa
Inclusa anche nell’album di Godinho intitolato “De pequenino se torce o destino”, sempre del 1976.
Ksar el-Kebir, in portoghese Alcácer-Quibir, è una località del nord-ovest del Marocco il cui nome è indissolubilmente legato alla disfatta subita nel 1578 dall’esercito del tracotante e stupido Sebastiano I re del Portogallo il quale, desideroso di menare un po’ le mani e di cristianizzare un po’ di infedeli, andò a stuzzicare il sultano Abd al Malik I che s’incazzò non poco e scatenò contro i portoghesi alcune decine di migliaia di cavalieri. Risultato dopo poche ore di battaglia: del re Sebastiano non fu trovato nemmeno più un pezzetto, l’intera sua corte e dinastia perì con lui e, quel che è peggio, di circa 17.000 soldati che componevano il corpo di spedizione portoghese soltanto in poche centinaia riuscirono a portare la coda in salvo.
Mentre a destra la bruciante sconfitta ad Alcácer-Quibir è stata sempre percepita come un’onta da riscattare, da lavare col sangue, a sinistra invece, negli anni della dittatura salazarista, divenne una delle tante metafore con cui si descriveva l’inevitabile prossima caduta di quel regime fascista e colonialista che, quando ormai tutte le potenze europee dismettevano i propri possedimenti coloniali, aveva al contrario deciso di opporsi ottusamente al processo di decolonizzazione, scatenando guerre sanguinosissime in Angola e Mozambico e mandando lì a morire inutilmente un sacco di giovani portoghesi, così come aveva fatto quasi 400 anni prima il miope re Sebastiano…
Nel visionario film di José da Fonseca e Costa, girato subito dopo la Rivoluzione, la metafora è ancora più ardita: i mori, i “demoni di Alcácer-Quibir”, sono gli operai e i contadini in sciopero che in armi affrontano la polizia mandata a reprimerli, mentre altri demoni, i ragazzi di una compagnia teatrale, penetrano nel palazzo di un decrepito aristocratico che vive i suoi ultimi giorni immerso in un delirio popolato dai fantasmi di un passato “glorioso”…